Candidato Recorre De Decisão Judicial Após Perder Vaga Em Concurso Do Tce Ba Para Outro Homem Reprovado Por Banca De Heteroidentificação

Juíza avalia pedido de revisão de decisão em disputa por vaga no Tribunal de Contas do Estado da Bahia

Um candidato negro que perdeu a vaga no concurso para auditor fiscal do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE-BA) devido à nomeação, via liminar, de outro concorrente reprovado pela banca de heteroidentificação, solicitou a revisão da decisão judicial. O caso está sendo analisado pela juíza Maria do Rosário Passos da Silva Calixto.

O caso

O candidato Bruno Gonçalves Cabral foi nomeado no dia 1º de outubro após decisão liminar que o classificou como cotista racial. No entanto, ele havia sido desqualificado pela comissão de heteroidentificação do concurso, que avaliou características como pele clara, nariz fino e cabelos não crespos, concluindo que ele não atendia aos critérios para as cotas.

Bruno argumentou ser pardo e apresentou laudos médicos e outras evidências. A juíza entendeu que havia indícios de que a exclusão ocorreu de forma genérica, ignorando suas características reais, e manteve sua classificação como cotista.

O resultado gerou controvérsias, pois sua nomeação implicou a exclusão de outro candidato previamente aprovado pela comissão de heteroidentificação. Esse candidato agora reivindica judicialmente o direito à vaga.

Repercussão judicial

O candidato excluído fez três solicitações à Justiça:

  1. Ser habilitado como terceiro interessado no processo;
  2. Reconsiderar a liminar que manteve Bruno Cabral como cotista;
  3. Declarar improcedentes os argumentos de Cabral sobre sua classificação racial.

A juíza determinou que as partes se manifestem em até cinco dias antes de decidir sobre a manutenção ou revogação da liminar.

Em declaração, o candidato que perdeu a vaga expressou insatisfação com o processo. “A decisão só avançou por conta da repercussão na mídia. Espero que a liminar seja revogada o quanto antes”, afirmou.

Argumentos das partes

  • TCE-BA: A Procuradoria Geral do Estado recorreu contra a nomeação de Cabral, alegando que seguiu rigorosamente as regras do edital.
  • Defesa de Cabral: Argumenta que a banca avaliadora desconsiderou características físicas relevantes e que a decisão violou seu direito constitucional de ampla defesa.

Heteroidentificação e critérios raciais

Segundo a doutora em educação Dyane Brito, que participa de bancas de heteroidentificação, a análise racial no Brasil considera aspectos como o impacto do racismo vivido pela pessoa. Ela explica que a categoria “pardo” é ampla e inclui pessoas que nem sempre vivenciam discriminação racial, o que as excluiria das políticas de cotas.

Histórico de Cabral

Em concursos anteriores, Cabral optou pela ampla concorrência, mas, no caso do TCE-BA, utilizou o sistema de cotas, onde conquistou a 8ª posição. Na ampla concorrência, ficaria em 45º lugar e não seria aprovado.

O desfecho do caso segue em análise e promete levantar discussões sobre critérios de inclusão racial e justiça nos processos seletivos.

Paulo fialho

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