Corte em imposto tem efeito tímido e alimentos seguem com preço alto

A inflação não cede e o brasileiro sente cada vez mais o peso da disparada do preço dos alimentos no bolso.

O governo federal apostou na redução de alíquotas de importação para tentar reduzir os preços internos. No entanto, a medida não surtiu o efeito desejado por causa de pressões externas.

A carestia está grande. Em maio, o grupo de alimentos respondeu por 0,32 ponto percentual da alta de 0,59% do IPCA-15, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). A maior influência para a alta foi dos alimentos para consumo em casa.

Reduções

O Ministério da Economia já realizou dois cortes em alíquotas de importação de alimentos. Em novembro de 2021, houve uma diminuição de 20% das taxas em mais de 6 mil itens até dezembro de 2023. No último mês, medida semelhante foi adotada, com um corte de 10% das alíquotas de importação do arroz, feijão e carne bovina.

Custo de produção pesa

André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), explica que o aumento do custo de produção e do frete podem impactar na percepção da redução dos preços.

“Não é que o corte do imposto não tenha surtido efeito, mas existem outras pressões paralelas que evitam que os preços caiam. O imposto tem um determinado percentual, mas outros fatores compensam a medida”, pondera.

Segundo o especialista, sem o corte poderíamos ver uma alta maior. “O imposto não mostra para o consumidor o efeito que se espera. Se cortou imposto, espera queda no preço, mas existem outros fatores que podem não estar jogando os preços para baixo”, conclui.

Competição

Com mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro, o economista Eduardo Moreira afirma que o corte demora para surtir efeito.

“Alguns fatores atrasam os efeitos. Temos os estoques que foram comprados com a alíquocata antiga do imposto”, cita o especialista.

Eduardo Moreira explica que as empresas têm um script nessas situações. “Temos o primeiro momento que onde se aumenta a margem de lucro para depois ter competição. E é na competição, em tese, que o preço cai”, acrescenta.

Ele conclui: “Não é da noite para o dia. Demora e tudo vai subindo de preço novamente e quando começa a fazer efeito, o preço já é outro. As pessoas nem chegam a perceber”, frisa.

Paulo fialho

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