BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro classificou de “desastrosa” e “gratuita” a declaração do candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre a Amazônia, e afirmou que o norte-americano, ao ameaçar o Brasil de sanções caso seja eleito, sinalizou que abre mão de uma “convivência cordial e profícua”.
“O que alguns ainda não entenderam é que o Brasil mudou. Hoje, seu presidente, diferentemente da esquerda, não mais aceita subornos, criminosas demarcações ou infundadas ameaças. Nossa soberania é inegociável”, escreveu o presidente em suas contas em redes sociais.
Bolsonaro afirmou ainda que a cooperação com outros países na Amazônia é bem-vinda e tem conversado com o atual presidente dos EUA, Donald Trump, adversário de Biden na eleição, sobre o assunto. Disse ainda que seu governo tem feito ações “sem precedentes” para combater o desmatamento, embora a perda florestal permaneça em patamares elevados e as queimadas na floresta aumentando.
“A cobiça de alguns países sobre a Amazônia é uma realidade. Contudo, a externação por alguém que disputa o comando de seu país sinaliza claramente abrir mão de uma convivência cordial e profícua”, complementou. “Custo entender, como chefe de Estado que reabriu plenamente a sua diplomacia com os Estados Unidos, depois de décadas de governos hostis, tão desastrosa e gratuita declaração.”
Biden, em debate com Trump na noite de terça-feira, propôs se unir a outros países para fornecer 20 bilhões de dólares ao Brasil para interromper o desmatamento na Amazônia e, se isso não desse resultado, o Brasil sofreria “consequências econômicas significativas”.
Mais cedo, em sua conta no Twitter, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ironizou a fala do candidato democrata.
“Só uma pergunta: a ajuda dos USD 29 bi do Biden é por ano?”, escreveu.
Procurado pela Reuters, Salles não respondeu, assim como o Itamaraty.
O vice-presidente, Hamilton Mourão, que é também o coordenador do Conselho da Amazônia, foi mais moderado que o presidente e afirmou não ter visto ameaças na fala de Biden.
“Eu não vi questões de ameaças, só vi que o Biden disse que colocaria 20 bilhões de dólares para ajudar na questão para impedir o desmatamento ilegal. Vamos aguardar”, disse a jornalistas ao chegar no Palácio do Planalto.
O vice-presidente disse ainda que é cedo para dizer se o Brasil aceitaria uma ajuda desse tipo e que dependeria das condições, e lembrou que a campanha norte-americana ainda está no início.
“Primeiro ele tem que ganhar a eleição, né, que não vai ser tão simples assim. Segundo, que primeiro ele tem que tomar conta das questões internas dos Estados Unidos que também não são tão simples, EUA também vivem seus problemas. Depois ele pode pensar no que vai fazer”, disse Mourão.
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